ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL NA TERCEIRA IDADE: DO ASPECTO SOCIAL AO NUTRITIVO
Entende-se por alimentação o ato de fornecer um abastecimento necessário ao organismo para seu bom funcionamento. Com o envelhecimento, algumas mudanças no corpo podem interferir no processo alimentar da pessoa idosa. Além disso, os hábitos e os costumes da população podem afetar drasticamente a saúde e causar uma série de doenças que podem ser evitadas.
Com a Revolução Industrial muitas transformações aconteceram, como a inserção da mulher no mercado de trabalho, o surgimento das indústrias e a urbanização (Souza, 2010). Todos esses fatores interferiram no modo de vida atual, trazendo consigo algumas doenças crônicas, como obesidade, hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus e doença renal crônica.
Essas comorbidades podem ser consequências de uma má alimentação, relacionadas à criação dos famosos fast-foods e à diminuição na prática de exercícios físicos. Com o avanço da indústria, o país passou de uma sociedade rural para predominantemente urbana.
Nesse contexto, a inserção da mulher no mercado de trabalho fez com que ela não tivesse tanto tempo para o preparo dos alimentos, optando por comidas industrializadas, como embutidos e comidas rápidas das redes de fast-food. Outro fator é a presença das tecnologias no dia a dia que vem priorizando videogames, televisão e celular em detrimento às caminhadas, os passeios de bicicleta e as brincadeiras ao ar livre, Dessa forma, torna-se crescente a prevalência do sobrepeso e da obesidade na população brasileira (Souza, 2010), incluindo crianças, jovens e idosos.
Nos idosos, pelo processo de envelhecimento, notam-se algumas alterações fisiológicas no organismo. A exemplo, têm-se a diminuição da saliva, redução do paladar e do olfato, dificuldade na absorção de determinadas vitaminas e minerais, além de dificuldade no preparo e na compra dos alimentos (Santos, 2010).
O Ministério da Saúde lançou um manual com dicas para uma alimentação saudável da pessoa idosa (BRASIL, 2009). Alguns cuidados no dia a dia incluem: guardar os alimentos em locais acessíveis a fim de evitar uma queda e um grande esforço físico; facilitar o consumo dos alimentos caso seja necessário, moendo, ralando e picando em pedaços menores; realizar as refeições em um ambiente agradável, com boa luminosidade e sentado à mesa.
Inclusive, algumas sugestões para uma vida saudável servem e devem ser utilizadas para toda a população (Souza, 2010), como: incrementar frutas, verduras e legumes nas refeições; evitar o consumo de refrigerantes, de álcool e de fritura; fazer 3 refeições e 2 lanches durante o dia; comer feijão pelo menos 4 vezes por semana e realizar pelo menos 30 minutos de atividade física todos dias.
MAS O QUE É NECESSÁRIO PARA COMEÇAR?
Vontade, tolerância com o outro e com a (possível falta) de estrutura da cidade, além de um tempinho disponível.
Trocar o carro pela bicicleta, caminhada ou pelo transporte público no dia a dia traz uma série de benefícios à saúde. Ajuda a combater o sedentarismo, a emagrecer e a evitar várias doenças, segundo médicos, cientistas, ciclistas e pedestres inveterados, que relataram em pesquisas ou testaram na prática os efeitos da mudança.
As práticas de exercícios ao ar livre, podem ser reforçados por políticas públicas que estimulem e deem condições aos motoristas para se tornarem pedestres, ciclistas ou usuários de metrô, trem e ônibus. Tal estímulo já tem campo de estudo: a saúde urbana.
Portanto, para combater a prevalência das doenças crônicas, é necessário implementar políticas públicas de atenção primária e palestras de conscientização sobre a importância de uma vida plena, incluindo refeições prazerosas no dia a dia, o que favorece a autonomia, o entrosamento social, a segurança alimentar, garantindo um envelhecimento saudável, com bem-estar e longevidade.
Para orientações específicas, procure um profissional nutricionista qualificado para atendimento da população idosa.
Texto: Vitória Oliveira Silva e Juliana Hotta Ansai.
Referências: BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Alimentação saudável para a pessoa idosa: um manual para profissionais de saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. Disponível m: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimentacao_ saudavel_idosa_profissionais_saude.pdf; NEUMANM, C., Trocar o carro pela bicicleta e caminhadas melhora a saúde, UOL, 2014; SANTOS, A.C.O.; MACHADO, M.M.O.; LEITE, E.M. Envelhecimento e alterações do estado nutricional. Geriatria e Gerontologia, v.4, n.3, p.168-75, 2010. SOUZA, E.B. Transição nutricional no Brasil: análise dos principais fatores. Cadernos Unifoa, v.5, n.13, 5p, ago. 2010.