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SEXUALIDADE E TRANSMISSÃO GERACIONAL

SEXUALIDADE E TRANSMISSÃO GERACIONAL 

“Tanto os pais quanto os seus filhos sabem como fazer uma piada inusitada na hora errada, nunca se sentem envergonhados nas situações mais constrangedoras e são capazes de se sair bem de qualquer confusão”.  

A IMPORTÂNCIA DE FALAR SOBRE SEXUALIDADE DENTRO DE CASA.

A maior contradição humana é a necessidade tanto de ser livre como de pertencer a um grupo. A família é o primeiro grupo ao qual pertencemos é onde se compartilha opiniões, crenças, valores e se cria padrões de relações que levamos para vida adulta e para outras gerações. A família também tem como função propiciar a seus membros autonomia para que cresçam e consigam se manter sozinhos.

Na atualidade constata-se um sistema familiar menos hierárquico, filhos falam sobre sexualidade com pais, algo inadmissível, décadas atrás. Se antes prevalecia o distanciamento de pais e filhos, hoje há mais espaço para questionamentos sobre diversos tabus, a família, como a sociedade está mais aberta a negociações.

A formação de nossa identidade está associada à nossa história de vida, bem como, será referência para nossas escolhas afetivas, sexuais, profissionais e muitas outras no decorrer do ciclo vital. Desta forma, construímos nosso mundo de valores: culturais, morais e éticos. O código moral de antes era regido pelo autoritarismo e demarcado rigidamente. Todos da família sabiam seu papel, masculino, feminino, pai e mãe, filho e assim sucessivamente. Tudo era nítido, todos sabiam o que era permitido e o que era proibido. Se por um lado delimitava limites e fronteiras claras; por outro causava opressão aos jovens dentro de casa.

Crenças e conceitos morais, antes impróprios, proibidos e ilegais estão sendo revistos. Há três décadas era inconcebível perder a virgindade antes do casamento, agora o início da atividade sexual vem sendo praticada cada vez mais cedo pelos adolescentes. O Bullying atual está nos grupos que descobrem colegas ainda ‘virgens’.

Pais pedem ajuda para saber como falar sobre isso com seus filhos, já que viveram em uma época bem diferente. Sentem-se constrangidos em falar sobre sexualidade, têm dificuldades de abordar este assunto, outros percebem-se carregando marcas cruéis de suas experiências passadas. São fatores que dificultam a transmissão geracional de conhecimentos e valores relacionados à sexualidade. Como um pai que relatou que sua filha foi falar com ele sobre sua primeira experiência sexual, ele sem saber o que falar pediu que ela falasse com a mãe.

A contradição entre a aceitação da modernidade e a conservação das tradições, tem feito que pais e filhos busquem se entender melhor. O que de certa forma tem contribuído para que a comunicação entre eles melhore. Estão aprendendo a se comunicar diretamente com seus filhos, sem intermediários, e falando sobre sentimentos. Os profissionais que atendem famílias, devem se preparar para ensinar novos modelos de comunicação, para que os pais possam se aproximar mais de seus filhos.

Trata-se de uma construção conjunta entre pais e filhos, entre as várias gerações que dividem a mesma casa. A flexibilidade e empenho necessariamente fica por conta de cada família. É preciso treiná-los para que negociem situações em díade, ou seja, conversa entre as duas pessoas envolvidas no assunto, sem a participação de terceiros. A falta de habilidade em conversar deixam pais e filhos se sentindo inaptos. A comunicação familiar é uma transmissão geracional, os filhos levam para a família deles o mesmo modelo que tiveram de seus pais.

Um dos modelos de comunicação mais eficaz, vem da Terapia Cognitiva e deve ser repassado para as famílias. Deve ser ensinado aos membros da família a falar iniciando por “Eu” isso ajuda a separar o que é da pessoa e o que é do outro; e também falar de sentimentos ao invés de fatos. Exemplo: quando digo o que estou sentindo, o outro tende a não se sentir atacado e nem ameaçado, porém quando inicio a frase com ‘Você’ – geralmente o tom remete a uma acusação, desta forma a pessoa se arma e parte para o ataque, aí não se tem mais diálogo. Portanto, quando for falar, por exemplo, com seu marido, [esposa, pai, mãe e filhos (as)] procurem não falar ‘Você nem sequer lavou a louça? Prefira: ‘Eu me sinto muito sobrecarregado (a), chego cansado (a) do trabalho e ainda tenho que lavar toda essa louça’.  Repitam isso em casa.

 

SEXUALIDADE COMO TRANSMISSÃO GERACIONAL

O conceito de sexualidade muitas vezes é confundido com o próprio sexo, um não precisa acompanhar o outro. Todos devem ser responsáveis por decidir o momento apropriado para dar início a sua vida sexual. O comportamento sexual é um processo evolutivo que dura a vida inteira e contribui para a formação da personalidade e o enriquecimento das pessoas.

A sexualidade é totalidade, acompanha cada um no decorrer de todo seu percurso pela vida. É uma parte indispensável de cada personalidade e uma parte inseparável desde o nascimento. Na infância, ocorre um processo de exploração natural no desenvolvimento humano, que se divide por fases: oral, anal e fálico. Na adolescência, é a fase da descoberta, o corpo muda, o humor aumenta, surgem novas formas de movimento e exploração ativa do corpo, diferente dos hábitos infantis.

A adolescência é a fase da descoberta, o corpo muda, as emoções se intensificam e existem novos movimentos e iniciativas de exploração do corpo diferentes dos hábitos de infância. Quando o(a) adolescente é confirmado (a) em casa começa a aceitar melhor seu papel sexual e a se sentir mais confortável com sua sexualidade, o que intensifica sua autoestima e consolida sua identidade sexual.

A transição da adolescência para de jovem adulto é marcada pelo desenvolvimento da sexualidade, desde as mudanças no corpo e nos comportamentos até o início dos relacionamentos sociais, como o namoro e outros compromissos afetivos, inclusive sexuais. É a fase das escolhas conjugais e o amadurecimento das relações afetivas e duradouras.

Muito do que ouvimos no ambiente familiar sobre sexualidade, acabamos reproduzindo na educação dos nossos filhos. Incorporamos modelos que recebemos da família, isso vai influenciar no modo como educamos. No entanto, é importante que os pais admitam que nem sempre os seus valores e pensamentos sobre as questões da sexualidade vão ao encontro das necessidades dos filhos. A orientação aos pais caso tenham essas dificuldades é a de procurar não repassar a seus filhos, modelos negativos que tiveram, por vezes, repressivo, distante, autoritário e indiferente.

No desenvolvimento da sexualidade é essencial que os pais se atualizem e revejam a sua posição sobre os problemas dos filhos. É preciso deixar preconceitos para trás, e não repetir o que lhe foi passado. É no ambiente familiar que legados são repassados de geração a geração.

A sexualidade é a característica mais íntima do ser humano, se manifesta de modo diferente para cada pessoa, dependendo de sua realidade e experiências de vida. A transmissão de valores é um fenômeno complexo, os filhos podem herdar os princípios e legados dos pais, mas eles não serão os mesmos, vão adaptá-los no tempo e espaço deles. Portanto, é preciso investir em qualidade de vida, interações mais saudáveis e uma comunicação mais eficaz.

 

DIFICULDADES DA FAMÍLIA COM QUESTÕES SOBRE SEXUALIDADE

Os sentimentos em relação às crianças por meio de beijos e abraços são agradáveis e não causam raiva ou medo. No entanto, quando uma criança passa algumas horas em frente à TV, ao computador e ao celular sem a supervisão de um adulto, o comportamento começa a se tornar problemático. Outro ponto é quando na moradia não se tem um espaço de privacidade; quando o sexo é usado como domínio e poder. Quando as questões sexuais aparecem nas brigas violentas. Quando há contato impróprio com crianças e adolescentes, e quando elas são abusadas sexualmente.

É previsível a repercussão de comportamentos sexualizados em um futuro próximo. As crianças devolvem para a sociedade a maneira como foram tratadas, só é uma questão de tempo. Além, das marcas profundas que surgem como depressão, vergonha e trauma, que duram uma eternidade. E que também serão reproduzidas aos que vierem depois.

A vergonha familiar é um forte sentimento que tende a ser ocultado. Quando a vergonha se torna conteúdo a ser transmitido, a família para se defender a família a substitui pela culpa. Os membros da família de vítimas passam a culpados, trazendo mais sequelas, nada fica impune. Eles poderão ser afetados em sua saúde mental (neuróticos, psicóticos e perversos), sendo que a transgressão poderá se tornar regra geral, como forma de compensação.

Na adolescência, independente de classe social, as informações tecnológicas de toda ordem chegam sem filtros às casas. É só confirmar os altos índices de contaminação ainda por doenças sexualmente transmissíveis/HIV-AIDS, gravidez precoce e as influências do abuso de drogas durante a adolescência, um dos fatores responsáveis seria o acesso ilimitado ao sexo sem proteção e fronteiras via Internet.

As recomendações sobre o que fazer para transformar o uso da Internet numa fonte mais segura, ética, educativa e saudável de conhecimentos e divulgação da mídia social; faz parte das condutas dos atendimentos de crianças, adolescentes e suas famílias, para que não haja reincidência. Seria preciso ser realizado como prevenção, por ser uma forma de construir uma ponte de diálogo entre as gerações.

A construção da sexualidade é diária, contra todas as formas de poder, de preconceitos, de (i) legitimidade sexual e de imposições culturais, e devem ser analisadas socialmente de maneira clara, objetiva, madura, sem medos ou valores tradicionais para uma cultura cidadã, onde todos sejam livres de todas as formas de discriminação.

Seja qual for a sua visão sobre o assunto, é interessante que se possa manter uma relação de compreensão e aceitação de sua própria sexualidade. O esclarecimento de dúvidas e a capacidade de se sentir vontade com seus desejos e sensações, colabora imensamente ao amadurecimento, o que traz uma experiência positiva e saudável.

FontesAMORIM, P. J. Psicologado, setembro/2015; MAGALHÃES, A. S.; Féres-Carneiro, Transmissão Psíquico-Geracional na Contemporaneidade. Artigo publicado na Psicologia em Revista; v. 10, n. 16, pp. 243 – 255. Belo Horizonte (MG), dezembro de 2004. / OSÓRIO, L. C., Casais e famílias: uma visão contemporânea. Porto Alegre: Artmed; 2002/ Sites:  https://www.infoescola.com/sexualidade/o-que-e-sexualidade/https://incrivel.club/admiracao-curiosidades/17-dialogos-entre-pais-e-filhos-com-finais-verdadeiramente-surpreendentes-1044310/– http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2175-25912013000100003

 

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